ACARBOSE

( Glucobay®)

Formas farmacêuticas e apresentações

Comprimidos orais com 50 e 100 mg de acarbose em embalagens com 30 e 60 comprimidos.

 

Informações técnicas

A acarbose é um oligossacarídeo complexo de administração oral inibidor da a-glicosidase que atua retardando a digestão dos carboidratos ingeridos na dieta, reduzindo o aumento da concentração de açúcar no sangue após as refeições. Como conseqüência da redução da glicemia diminuem os níveis de hemoglobina glicosilada em pacientes portadores de diabetes mellitus do Tipo II (não-insulino-dependente).

 

Mecanismo de ação:

Ao contrário das sulfoniluréias, a acarbose não aumenta a secreção de insulina. A ação anti-hiperglicêmica da acarbose advém de uma inibição competitiva e reversível da α-amilase pancreática e das enzimas hidrolisantes da α-glicosidase ligada à membrana intestinal. A α-amilase pancreática hidrolisa os amidos complexos em oligossacarídeos no intestino delgado, enquanto que as α-glicosidases da membrana intestinal hidrolisam os oligossacarídeos, os trissacarídeos e os dissacarídeos em glicose, assim como outros monossacarídeos, na borda das vilosidades do intestino delgado.

Em pacientes diabéticos, esta inibição enzimática resulta em retardo da absorção da glicose e em diminuição da hiperglicemia pós-prandial. Em virtude de seu diferente mecanismo de ação, acarbose  apresenta melhor controle glicêmico. Este efeito soma-se ao das sulfoniluréias quando estes dois elementos são usados em associação. A acarbose não tem atividade inibitória contra a lactase e, conseqüentemente, não se espera que ela induza à intolerância à lactose.

 

Farmacocinética:

  • Metabolismo: A acarbose é metabolizada exclusivamente no interior do trato gastrintestinal, principalmente por bactérias intestinais e pelas enzimas digestivas.
  • Excreção: A fração de acarbose que é absorvida como medicamento intacto é quase que totalmente excretada pelos rins.
  • Interações medicamentosas: Estudos realizados com voluntários saudáveis demonstraram que a acarbose não produz efeito sobre a farmacocinética ou a farmacodinâmica das seguintes substâncias: digoxina, nifedipina, propranolol ou ranitidina. a acarbose  não interferiu na absorção ou eliminação da gliburida sulfoniluréia em pacientes diabéticos.

 

Indicações e uso

  • Utilizado como monoterapia, acarbose é indicado como complemento da dieta para reduzir a taxa de glicose no sangue em pacientes portadores de diabetes mellitus não-insulino-dependentes (DMNID), cuja hiperglicemia não pode ser controlada apenas através de dieta.
  • Acarbose  pode, também, ser usado em combinação com uma sulfoniluréia (efeito aditivo ) quando a dieta, seguida de concomitante administração de acarbose ou de uma sulfoniluréia, não resultar em adequado controle glicêmico.

 

  • Contra-indicações

A acarbose  é contra-indicado a:-

  1. Pacientes com conhecida hipersensibilidade ao medicamento
  2. Pacientes com cetoacidose diabética ou cirrose.
  3. Pacientes com doença intestinal inflamatória, ulceração do cólon, obstrução intestinal parcial ou predisposição a obstrução intestinal.
  4. Pacientes portadores de doenças intestinais crônicas com nítida disfunção da digestão ou da absorção, assim como pacientes cuja condição clínica possa deteriorar-se em conseqüência do aumento da formação de gases no intestino.
  5. Gestação e/ou lactação

 

Precauções

    • Hipoglicemia: Devido ao seu mecanismo de ação, acarbose , quando administrado isoladamente, não deverá causar hipoglicemia tanto em jejum quanto pós-prandial. Já os agentes do grupo das sulfoniluréias e da insulsina podem provocar hipoglicemia. Considerando que a acarbose , quando administrado em associação a uma sulfoniluréia, causará redução ainda maior da taxa de glicose no sangue, o medicamento poderá aumentar o potencial hipoglicêmico da sulfoniluréia. A glicose oral (dextrose), cuja absorção não se vê inibida por acarbose , deve ser usada no lugar da sacarose (açúcar de cana) no tratamento de hipoglicemia leve ou moderada.
    • Perda do controle da glicose sangüínea: Quando os pacientes diabéticos se expõem a situações de estresse, como febre, trauma, infecção ou cirurgia, pode ocorrer perda temporária do controle da glicose no sangue. Em tais ocasiões, talvez seja necessário, temporariamente, o tratamento com insulina.
    • Exames laboratoriais: A reação terapêutica a acarbose  deve ser periodicamente controlada através de medida da glicemia. Recomenda-se medir os níveis de hemoglobina glicosilada para verificar o controle glicêmico a longo prazo. A acarbose , especialmente em doses acima de 50 mg 3 vezes ao dia, pode provocar elevações da transaminase sérica e, em casos raros, hiperbilirrubinemia. Recomenda-se que os níveis de transaminase sérica sejam verificados a cada 3 meses durante o primeiro ano de tratamento com acarbose  e, daí em diante, periodicamente. Se forem observadas elevações de transaminases, talvez seja indicado reduzir a dosagem ou interromper o tratamento, especialmente se as elevações persistirem.
    • Disfunção renal: As concentrações plasmáticas de acarbose  em voluntários com disfunção renal aumentaram proporcionalmente, de acordo com os diferentes graus de disfunção renal. Portanto não se recomenda o tratamento a esses pacientes.

 

Interações medicamentosas

Certos medicamentos tendem a produzir hiperglicemia e interferir no controle da glicemia. Entre estes medicamentos incluem-se:

·         Tiazídicos e outros Diuréticos,

·         Corticosteróides,

·         Fenotiazinas,

·         Produtos Tiroidianos

·         Estrogênicos

·         Anticoncepcionais Orais

·         Fenitoina

·         Ácido Nicotínico

·         Simpatomiméticos

·         Bloqueadores dos canais de cálcio

·         Isoniazida.

 

Na administração simultânea com acarbose , o paciente deve ter sua glicemia observada de perto e quando tais medicamentos forem retirados dos pacientes em uso de acarbose  associado a sulfoniluréias ou insulina, estes devem ser acompanhados de perto para que qualquer evidência de hipoglicemia seja detectada.

 

Adsorventes intestinais (p. ex.: carvão) e medicamentos à base de enzimas digestivas, que atuam sobre carboidratos (p. ex.: amilase, pancreatina), podem reduzir o efeito de acarbose  e não devem ser ingeridos concomitantemente.

 

Reações adversas

Principalmente sintomas intestinais são as reações mais comuns a acarbose:- Dor abdominal, Diarréia e Flatulência

 

Posologia e administração

Não existe uma dosagem fixa para o controle do diabetes mellitus com acarbose , ou com qualquer outro agente farmacológico. A dosagem deve ser individualizada com base na sua eficácia e tolerabilidade, não devendo superar, no entanto, a dose máxima recomendada de 100 mg 3 vezes ao dia.

 

Deve ser tomado no início de cada refeição principal. O tratamento deve ser iniciado com uma dose baixa, aumentando gradualmente para reduzir os efeitos colaterais gastrintestinais e permitir a identificação da dose mínima necessária para o adequado controle glicêmico do paciente.

 

Durante o início do tratamento deve-se usar a glicemia pós-prandial de uma hora para determinar a reação terapêutica e identificar a dose de melhor efeito para o paciente. Daí em diante, a hemoglobina glicosilada deve ser avaliada a intervalos de aproximadamente três meses.

 

O objetivo terapêutico deve ser o de reduzir à normalidade ou à quase normalidade não só os níveis de glicemia pós-prandial, mas também os de hemoglobina glicosilada, usando-se a dose mais baixa que se mostrar eficaz, seja como monoterapia, seja em associação às sulfoniluréias.

 

Dosagem inicial: A dosagem inicial recomendada é de 25 mg via oral, 3 vezes ao dia, no início de cada uma das refeições principais.

 

Dosagem de manutenção: Deve ser ajustada a intervalos de 4 a 8 semanas, com base nos níveis de glicemia pós-prandial de uma hora e na tolerabilidade.

Varia de 50 a 100 mg 3 vezes ao dia. Entretanto, considerando que os pacientes com baixo peso corporal talvez corram maior risco de elevação das transaminases séricas, apenas os pacientes com peso corporal superior a 60 kg devem ser considerados para titulação de uma dosagem superior a 50 mg 3 vezes ao dia. Se não houver maior redução nos níveis de glicemia pós-prandial ou de hemoglobina glicosilada com 100 mg 3 vezes ao dia, deve-se considerar a redução da dosagem. Uma vez estabelecida uma dosagem que seja eficaz e tolerada, esta deve ser mantida.

 

Dosagem máxima: A dose máxima recomendada para pacientes com 60 kg de peso ou menos é de 50 mg 3 vezes ao dia. A dose máxima recomendada para pacientes com peso superior a 60 kg é de 100 mg 3 vezes ao dia.

 

Pacientes em tratamento com sulfoniluréias: Os agentes do grupo das sulfoniluréias podem causar hipoglicemia. acarbose , administrado em associação a uma sulfoniluréia, causará ainda maior redução da glicemia e poderá aumentar o potencial hipoglicêmico da sulfoniluréia. Se ocorrer hipoglicemia, deve-se fazer adequados ajustes na dosagem desses agentes.

 

Superdose

Contrariamente ao que ocorre com as sulfoniluréias e com a insulina, uma dose excessiva de acarbose não causa hipoglicemia. A dose excessiva do medicamento pode resultar em aumentos temporários de flatulência, diarréia e desconforto abdominal que, em seguida, regridem.

 

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Medicina - Índice

Diabetes

  • - Atua na parede intestinal por competição, inibindo temporariamente a absorção enzimática das α-glicosidade, que são responsáveis pelo desdobramento dos amidos e dissacarideos em açucares simples. Assim, ao ser ingerida imediatamente após o inicio da ingestão alimentar, retarda a digestão dos carbohidratos ingeridos, diminuindo o pico glicêmico pós-prandial e consequentemente os níveis de insulina.Não aumentam a secreção de insulina. .

  • Pacientes com até 60 kg. - 50 mg. 3 vezes ao dia

  • Pacientes com mais de 60 kg. 100 mg. 3 vezes ao dia.